"Como viajei a dezenas de países relato também o que vi no que diz respeito ao livro, leitura e bibiotecas"
Dentro de poucas semanas estará nas livrarias o livro LER O MUNDO de Affonso Romano de Sant' Anna. O tema central é a "LEITURA .e como ele o diz, essa obra está disposta em três niveis: tanto crônicas que relatam a sua vivência na área da leitura , como ensaios e aulas magnas mais teóricas e, finalmente, um depoimento onde ele conta coisas que o público precisa saber sobre os 6 anos heróicos que passou na Biblioteca Nacional.
Literacia - Três livros num só?
A.R - Exatamente. E em niveis diversos. Nas crônicas, sempre mais palatáveis o leitor encontrará o panorama de coisas importantes que ocorreram na área da leitura nos últimos 20 anos, seja em Passo Fundo e Morro Reuter, seja no Ceará e no Acre. Como viajei a dezenas de países relato também o que vi no que diz respeito ao livro, leitura e bibiotecas. Ou seja da nova biblioteca de Alexandria, para a qual contribui, até a biblioteca de Mulungu, na Paraiba, há coisas curiosas a serem contadas.
Literacia - E os ensaios?
A.R.-Volta e meia me chamavam para "aula magna","aula inaugural" aqui e ali e tinha então oportunidade de historiar a questão da leitura dentro e fora do país. O fato de ter me metido na administração pública por seis anos, me fez conhecer o outro lado da questão até mesmo internacionalmente, pois a Biblioteca Nacional do meu tempo, tinha como tarefa criar e gerir uma política nacional e internacional do livro. Conseguimos que o Brasil fosse tema da Feira de Frankfurt, do Salão do Livro de Paris, etc.
Literacia - Que gosto ou lembrança ficou desse tempo na BN?
A.R-.É como "serviço militar", a gente só faz uma vez. Consegui reunir uma geração de alucinados que implantou dentro e fora do pais uma nova mentalidade no que diz respeito ao livro, a leitura e as bibliotecas. A questão do livro/leitura/biblioteca nunca mais foi a mesma depois que criamos o Proler o Sistema Nacional de Bibliotecas.
Literacia - Como era a Biblioteca Nacional quando você lá chegou?
A.R.- Conto isto na última parte do livro. Era um caos. Tivemos que recomeçar do zero. Reformamos o prédio, conseguimos novos prédios para a BN, modernizamos a informática e os funcionários nunca receberam tantos " atrasados" como nesse tempo. A frequência aumentou de tal maneira que havia filas na porta da instituição. E a BN virou um "point" e, em poucos anos, foi eleita como a instituição federal que melhor funcionava no Rio.
Literacia - A sua saida foi um trauma, conte algo.
A.R.- Está narrado lá, com documentos. Tem até carta do Saramago se solidarizando e dando um puxão de orelhas no Fernando Henrique, que aliás não tinha a menor idéia do que seu ministro da cultura fazia. Até hoje, dezesseis anos depois que saí, encontro gente me parando na rua indagando e se referindo àquele período. Isto já virou história. Há várias teses escritas a respeito e eu não poderia deixar de dar o meu depoimento.
Literacia .- Uma curiosidade como conseguiu tempo[para] e porque resolveu ser Colunista de Literacia?
A.R.- Diante de certas causas, a gente sempre arranja tempo. Conheço o trabalho de Ana Merij há tempo. Ela tem essa capacidade de liderança e de juntar diversas pessoas. Além do mais esse entrelaçamentos de nossas culturas que LITERACIA propõe é estimulante. Sempre batalhei por isto. E a internet pode fazer o que não foi feito durante esses 500 anos passados.
[Belvedere Bruno é escritora, jornalista e articulista de Literacia ]
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